CARTAS

Há muito tempo passa o correio
Sem trazer mais notícias para mim.
Embora traga sempre o bornal cheio,
O carteiro desvia o meu jardim.

Se bem antigas cartas, eu releio,
A vejo de contínuo ser assim,
Fazendo mil promessas, só alheio
Ao engano de anjo a via afim.

O seu peito de pedra, eu não sabia,
Apenas, ser a triste lousa fria
Onde se adormecera o coração...

Sem saber do desprezo, ingenuamente,
De longe o carteiro diz, somente:
- A carta do senhor não veio, não.

Erigutemberg Meeses