VIDA MORTA
 
A vida é um sonho e acordei,
Sem lembrar o enredo deste sonho.
Será que vivo a morte onde me ponho,
Sem ter vivido nem o que sonhei?
 
Não lembro os rumos por onde andei,
Mas pelo corpo incólume eu suponho
Ter seguido o itinerário enfadonho,
Obediente e dócil à voz da lei.
 
Pelo cansaço fui, talvez, sozinho,
Sem encontrar por todo o caminho
Alguém para o afago mais singelo.
 
Nessa vida dormida ou despertada
De um sonho do qual não lembro nada,
Será minha existência um pesadelo?
 
Erigutemberg Meneses