À BEIRA DO FOGO

Crepita o fogo... A chama atravessa
As toras de madeira como a ardente
Língua que em tua boca, um forno quente,
Entre os carnudos lábios se apressa.

Porém se as labaredas vão depressa
Consumindo as achas, entre a gente,
O braseiro dos corpos, em fremente
Ritmo das chamas, queima sem ter pressa.

Chora a madeira em gozo consumida,
Se esvaindo na seiva embranquecida,
Deixando apenas cinza e odor no ar.

Já os corpos abrasados, assim como
As toras, deitam seiva, mas no assomo
De ardores nunca param de queimar.

Erigutemberg Meneses