SAUDADE 

 Ao recolher o corpo em confortante 
Banco de praça, à beira do caminho, 
Sinto o sopro da tarde de mansinho 
Vir contar coisas de um tempo distante. 

 É mágico o momento... E delirante 
Igualo-me ao inseto cujo ninho 
Deixou num galho seco... Estou sozinho, 
Não só, mas com invisível acompanhante. 

E a presença ao lado se aproxima
 A de pessoa a quem se tem estima, 
Embora o nome fuja da lembrança. 

 - Quem és? No atordoo que me invade 
Pergunto e ouço: - Às vezes, sou saudade 
E noutras, a quem crer, sou esperança.

Erigutemberg Meneses