SAUDADE ALCOVITEIRA
Minha saudade, velha alcoviteira,
Que vive de fuxico e de boato,
Traz o ouvido atento a qualquer fato
De origem falsa ou mesmo verdadeira.
Meu ouvido, também, sente a coceira
E a ouvir seus falatórios me empato
E tudo o quanto ouço eu acato
Esquecido ser ela faladeira.
Se a boca é grande e a língua um rabicho,
Não importa e o que é dito com capricho
A minha alma triste persuade.
Pois a trazer de volta os instantes
Dos intrincados nós dos dois amantes
Viram fato os boatos da saudade.
Erigutemberg Meneses
