MANGA-ROSA

No gesto do menino desejando
O vi e fiz-me rubra manga-rosa
À boca do olhar muito ansiosa
Devagarzinho a fruta devorando.

As mãos ocultas iam apalpando
A casca do vestido melindrosa,
Enquanto uma mordida vigorosa
Ia as partes da polpa arrancando.

Amolecida inteira num instante
Servi neste repasto delirante
De energia à gula do prazer.

E quando os dentes deram no caroço
Senti escorrer do vértice em poço
A minha seiva quente de mulher.

Erigutemberg Meneses