MEIA-IDADE

E chega-se, enfim, à meia-idade:
No corpo o que não dói, não funciona
E em nós o animal que vem à tona
É a preguiça que outro, é inverdade.

E se um dia vier a tal vontade
De revitalizar a impura zona,
Se esquece do dever, mesmo se a dona
Sujeita-se a fazer tal caridade.

Fica-se invisível, mas o espelho
Se vinga das caretas do fedelho,
Expondo o corpo em franca decadência.

Mas a auto-estima, que o espelho vence,
Também, da troça alheia nos convence
De que ainda se tem boa aparência.

Erigutemberg Meneses