LIVRO DE CABECEIRA

Eu sou um livro velho, empoeirado,
Esquecido num canto da estante,
Já lido, a recordar do expectante
Toque de dedos, sendo folheado.

E quando cada verso copiado
Recebia o zelo mais constante
Do olhar da musa terno e lacrimante
A deixar o volume encharcado.

E da emoção tirada do escrito
Que, ao dar leveza e graça ao espírito,
Era durante o dia companheira...

Sou hoje um livro velho, mas a escrita
Expressa a emoção, mil vezes dita,
Quando em tua cama ornava a cabeceira.

Erigutemberg Meneses