FELICIDADE

Dá uma preguiça doida ser feliz:
Ter asas, mas querer voar pra trás,
E desfazer o tempo como faz
A borboleta feita em chão de giz.

E um trabalho louco, infeliz:
Ter asas sem poder ir em um zás
Aonde se quer ir, por incapaz,
Como besouro em roda na raiz.

Das borboletas, asas são os flocos
De nuvens espalhadas como blocos
De pólen de sorriso pelos ventos.

E as dos besouros são iguais ao peso
Que torna o corpo bruto mais obeso
E se batem em vôo os deixam lentos.

Erigutemberg Meneses