EU, POETA

Não sou herói, tampouco sou profeta,
De quem o tempo guarde grandes feitos.
Na febre dos desejos, meus defeitos
Cultuo, sendo humano e poeta.

Sombrios os heróis, todos ascetas,
Nos rituais da morte são perfeitos;
E os profetas calcam seus preceitos,
Em rudes almas duras como setas.

Profetas e heróis, os dois de fato,
Resignam-se, a esperar que a garganta
Da história não lhes negue espalhafato.

Eu, poeta, vivo e prego a sacrossanta
Alegria da vida e serei grato
À história se negar-me sua manta.

Erigutemberg Meneses