CANTEIRO

Um tronco inanimado sem vontade
É o corpo onde a afeição está ausente.
Se a seiva à planta dá vivacidade
O sentimento vida dá à gente.

Mas o afeto não é a frivolidade
Do desejo agindo sobre o ente.
A chuva cobre o tronco, é verdade,
Mas sem a seiva ele está doente.

Porém, estando abertos os canais
Para irrigar, as partes tão vitais
Rebrotam e do tronco nasce a flor.

O corpo ao receber o sentimento,
O mais completo e caro alimento,
Transforma-se em canteiro de amor.

Erigutemberg Meneses